ITAÚ – Brasil. Banco. 1944.
Em 1944, no interior de Minas Gerais, o senhor José Balbino Siqueira fundou um banco para atender as necessidades de agricultores que atuavam nas proximidades do município de Pratápolis. Batizou seu empreendimento de Banco Itaú, em referência a uma antiga denominação dada pelos índios àquela região. Em tupi-guarani, a palavra itaú significa pedra preta. Os nativos deram esse nome à área por encontrarem ali muitas rochas de cor escura. O Banco Itaú sempre foi administrado com muita prudência, sua diretoria não gostava de correr riscos desnecessários. Por isso teve um crescimento sólido, tornando-se cada vez maior e mais confiável.
Ao mesmo tempo, em São Paulo, o empresário Alfredo Egídio de Sousa Aranha também inaugurava seu próprio banco, chamado Banco Central de Crédito. Seu plano era abrir uma agência principal na capital e pequenas agências em cidades do interior do estado, de modo a viabilizar o intercâmbio de dinheiro entre esses dois pólos. Assim como o Banco Itaú, o banco de Aranha tornou-se também uma instituição confiável, abrindo mais agências e adquirindo bancos menores.
Finalmente, em 1964, as trajetórias desses dois prósperos empreendimentos se encontram. Os bancos promovem uma fusão, criando o novo Banco Federal Itaú. À época eram cerca de 112 agências, em seis estados brasileiros, sendo o 16º maior banco do país. Com o passar dos anos outros bancos foram comprados e outras fusões aconteceram. Porém, o nome Itaú firmou-se como a melhor opção de marca, uma vez que, por ser uma palavra peculiar, diferenciava a empresa das outras.
Na década de 70 o Itaú já era o segundo maior banco privado do país. Com as privatizações promovidas por FHC durante a década de 90, o Itaú adquiriu diversos bancos estatais, aumentando ainda mais sua presença no mercado. Em 2008 o Itaú e o Unibanco anunciaram uma fusão, tornando-se o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul e o maior banco do país, maior até que o Banco do Brasil.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Ainda na década de 40 o Banco Central de Crédito teve que mudar seu nome à pedido do governo brasileiro, que já planejava dar a denominação de Banco Central à principal instituição do sistema financeiro do país. A marca mudou então para Banco Federal de Crédito.
2 – O site do Itaú afirma que os índios deram o nome à região por causa da cor do clínquer, “mineral utilizado para a fabricação do cimento”. Porém, de acordo com minha pesquisa, o clínquer não é um minério, mas sim uma mistura de calcário com argila, cozidos juntos, para formarem o primeiro estágio da fabricação do cimento. Sendo assim, não é algo encontrado na natureza. Estou errado?
3 – De qualquer forma, nessa região de Minas Gerais nasceu a Companhia Cimento Portland Itaú, uma das maiores fabricantes de cimento do país, hoje pertencente ao Grupo Votorantim. A fábrica, com sede nas proximidades de Pratapólis, deu origem em 1987 ao município de Itaú de Minas.
4 – O município tem esse nome (de Minas), pois já existia uma cidade chamada Itaú no Rio Grande do Norte.
5 – O total de ativos do Itaú é de mais de 575 bilhões de reais. Em segundo vem o Banco do Brasil, com 403,5 bilhões, e em seguida o Bradesco, com 348,4 bilhões.
BATAVO – Brasil. Laticínios. 1911.
Em 1911 a Brazil Railway Company estava construindo uma estrada de ferro no estado do Paraná. Precisava de mão de obra acostumada a esse tipo de serviço, ainda raro no Brasil. O jeito foi chamar alguns operários holandeses para vir ao nosso país dar uma forcinha na obra. Os primeiros que chegaram aqui chamaram outros mais, dizendo que a terra era boa para plantar, o clima era agradável também.
Assim veio mais gente. A BRC, preocupada em desenvolver a região, prometia a cada novo imigrante “um lote de terra, uma casa, uma canga de bois e três vacas leiteiras”. É claro, os holandeses animaram e despencaram para cá.
Por coincidência o povo de lá era acostumado a lidar com criação de vacas leiteiras. Desde a Antiguidade eles faziam isso. Seus antepassados viviam na região que compreende o delta do rio Reno, na Europa, conhecida como Batávia. Seus moradores, os batavos, foram as pessoas que mais tarde vieram a povoar a Holanda, terra dos cata-ventos e tamancos de madeira.
Como dito, foi de lá que vieram as famílias que imigraram para o Brasil em busca de melhores condições de vida, construção de ferrovias e vacas leiteiras. Espertos, eles logo que chegaram formaram uma cooperativa e passaram a vender laticínios aos moradores da cidade de Carambeí. Mais tarde, com a cooperativa bem próspera, em homenagem à sua terra natal e à sua ascendência, os empresários rebatizaram o empreendimento de Batavo, adjetivo usado até hoje para se referir ao que é natural ou habitante da Holanda.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Os holandeses são grandes comerciantes, sendo responsáveis, por exemplo, pela criação da Companhia das Índias Ocidentais e Orientais, instituições que podem ser consideradas os embriões das atuais empresas multinacionais.
2 – A Antiguidade (Idade Antiga) é o período histórico que começa na invenção da escrita (4000 a. C.) e termina na queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d. C.
3 – A Batávia S.A. é dona da marca Batavo.
4 – O logotipo da empresa é composto pela figura de uma garota de tranças e chapéu, caracterização adotada pelas holandesas do início do século XX durante festas rurais.
SHELL – Inglaterra. Derivados de petróleo. 1907.
Vamos lá, pois a história é longa e dela depende o entendimento do nome da marca. Em 1833, na Inglaterra, um cara chamado Marcus Samuel abriu uma pequena loja que vendia antiguidades e conchas a colecionadores. Recorrendo ao óbvio, esse senhor batizou sua empresa de shell, termo em inglês que significa o que? Isso mesmo, concha.
Passou o tempo e seus filhos assumiram a empresa. Um se chamava Marcus Samuel e o outro Samuel Samuel (não repeti, é isso mesmo, Samuel Samuel). Os dois tocaram bem o negócio do falecido pai, importando conchas e outros produtos de todo canto do mundo. É claro, a prosperidade trouxe certa desavença e os dois se separaram.
Marcus Samuel ficou na Inglaterra e Samuel Samuel foi trabalhar no Japão, ambos ainda no ramo de importações. Porém, certo dia, catando conchinhas no Mar Cáspio, Marcus Samuel pensou em mudar de ramo e ganhar dinheiro de verdade. Ele então passou a transportar e exportar derivados de petróleo provenientes da Rússia e do Oriente Médio, negócio que o tornou muito rico.
Finalmente, em 1907, a companhia de Samuel, agora chamada de Shell Transport and Trading Company uniu-se à empresa holandesa Koninklijke Nederlandsche Petroleum Maatschappij, em inglês Royal Dutch Petroleum Company. Nesse ponto a nova Royal Dutch Shell não só transporta, como também passa a explorar petróleo, ao mesmo tempo em que os veículos movidos à gasolina tornam-se populares. Hora certa + negócio certo = Samuel bilionário.
Curiosidades de Sobremesa
1 – Vender conchas? Como é que eu nunca pensei nisso?
2 – O logotipo da Shell sofreu uma série de mudanças até chegar ao atual, veja na imagem. A concha foi ficando cada vez mais estilizada, culminando em 1971 com a versão do artista Raymond Loewy.
3 – Esse tal de Loewy, aliás, foi o maior designer industrial que já existiu. O cara fez, entre outros, o desenho da garrafa da Coca-Cola e o logo da Lucky Strike.
4 – Uma das principais empresas do mundo, a Shell vale hoje 285 bilhões de dólares.
5 – Atualmente a companhia investe na pesquisa de fontes renováveis de energia. Medo do petróleo acabar.
6 – Samuel, o filho, foi o primeiro ser humano a mandar construir um navio petroleiro. Genialidade gera dinheiro, não é verdade?